Três semanas de trocas, saberes e autocuidado que transformaram e fortaleceram mulheres em nossa comunidade.
O som dos tambores pode ter silenciado, mas a vibração do afeto, da partilha e do fortalecimento coletivo ainda ecoa em nossa casa. Chegou ao fim o encontro de mulheres e ancestralidade “Iya Ori”, um ciclo de três segundas-feiras que se revelou um verdadeiro mergulho em nossas raízes mais profundas e um ato de cultivo para nosso florescimento futuro.
Promovido pela ONG Motirô BA, o projeto nasceu do desejo de criar um espaço seguro e potente: um quilombo de afeto onde mulheres pudessem se reconectar consigo mesmas, com suas histórias e com a sabedoria que nos foi legada por nossas ancestrais. O nome “Iya Ori”, que em iorubá remete à “Mãe da Cabeça”, nosso destino e guia interior, foi o farol que norteou nossa jornada.
Saberes que Curam: A Força da Partilha
Em nosso primeiro momento, a roda de conversa se abriu para a troca de saberes ancestrais. Em um mundo que tantas vezes tenta apagar nossas memórias, sentar em círculo e ouvir as histórias umas das outras foi um ato revolucionário. Relembramos práticas de cuidado, cantos, rezas e a importância da oralidade como ferramenta de resistência e cura. Cada fala, cada olhar, teceu uma rede invisível de apoio e reconhecimento, mostrando que nenhuma de nós caminha só.
Autocuidado como Trincheira: Cuidando da Saúde Mental
A segunda etapa do nosso encontro foi dedicada a um tema fundamental e urgente: a saúde mental da mulher, especialmente da mulher negra. Desmistificamos tabus, compartilhamos vulnerabilidades e reafirmamos o autocuidado não como um luxo, mas como uma trincheira, uma ferramenta política de sobrevivência e bem-estar. Compreendemos que cuidar da nossa mente é honrar o caminho de quem veio antes e preparar o terreno para quem virá depois. Foi um momento de acolhimento profundo, onde a escuta atenta se tornou o mais potente remédio.
A Coroação: Identidade e Poder na Oficina de Turbantes
Para selar nosso ciclo de potência, o último encontro foi uma celebração vibrante de nossa identidade. A oficina de turbantes, mais do que ensinar amarrações, foi um ato de coroação. Enquanto os tecidos coloridos ganhavam forma, resgatávamos a história de um símbolo de luta, nobreza e conexão espiritual. Cada nó era um laço com nossa herança africana, cada dobra uma afirmação de nossa beleza. Ao final, não eram apenas turbantes que adornavam nossas cabeças, mas coroas visíveis de um poder que sempre esteve em nós.
O encontro “Iya Ori” chega ao fim, mas as sementes plantadas continuarão a germinar. As participantes não saem como entraram; saem mais fortes, mais conectadas e com a bagagem repleta de ferramentas para enfrentar os desafios diários.
A Motirô BA agradece imensamente a cada mulher que se entregou, partilhou e construiu essa força coletiva. Seguiremos juntas, criando espaços de cura, aprendizado e aquilombamento. Que a sabedoria de Iya Ori continue a iluminar a cabeça e o caminho de todas nós.
Fique de olho em nossas redes sociais e em nosso site para saber dos próximos eventos. A luta é contínua e o nosso encontro também!